A literatura é farta em descrições de pacientes que mesmo após terem obtido fusões sólidas no rx, ainda permanecem com dor crônica, muitas vezes diferente da dor inicial. Esta situação vem sendo descrita como ” Fusion disease ” ou melhor, Doença da Fusão, em português. A causa mais comum para esta condição é a lesão muscular provocada pela dissecção cirúrgica extensa.
A cirurgia de coluna via posterior por décadas tem sido feita através de grandes incisões onde descolamos toda a musculatura paravertebral dos elementos ósseos posteriores e mantemos a retração do músculo por períodos prolongados. Esta extensa dissecção e retração prolongada causa lesão muscular e também lesão dos pequenos nervos que suprem esta musculatura. Estes dois fatores são causadores de dor persistente após a realização de uma fusão posterior, pois produzem atrofia da musculatura e denervação dolorosa do músculo em questão.
O músculo multifidus é o mais acometido pela lesão muscular e pela retração prolongada. O resultado destas alterações é uma fibrose e uma atrofia que reduzem a função do músculo. A denervação muscular decorrente da manipulação cirúrgica leva a uma perda de função muscular e dor crônica.
A partir destes achados iniciou-se o desenvolvimento de técnicas que agredissem minimamente o músculo. Foram criados acessos diferentes com pouca dissecção muscular por onde somos capazes de realizar a mesma cirurgia feita pelo método aberto.
Baseado nestes conceitos é que temos evitado a utilização das cirurgias posteriores. Atualmente temos realizado cirurgias pela via lateral e anterior o que nos mantém afastados dos problemas provenientes da lesão muscular. Somente utilizamos a via posterior através de pequenas incisões para realização de fixações percutâneas ou mesmo descompressões.
Com estas mudanças técnicas somos capazes de realizar intervenções cirúrgicas eficazes e com mínima agressão aos tecidos da coluna. O resultado destas técnicas é visto no índice zero de complicações relacionadas as lesões musculares.
Sendo esta uma das causas de falha na cirurgia de coluna, temos que evitar as abordagens posteriores abertas e invasivas com o intuito de proporcionar uma melhor e mais rápida recuperação aos nossos pacientes.
FALHA NA CIRURGIA DE COLUNA
A condição Falha na Cirurgia de Coluna refere-se ao paciente que se apresenta com dor crônica no pescoço ou nas costas, com ou sem dor nas extremidades, após ter realizado uma cirurgia na coluna que não alcançou o resultado desejado. Ou seja, permanece com dor ou tem um padrão de dor diferente da que tinha antes da cirurgia.
Podemos dividir estes pacientes em dois grupos. O primeiro grupo, formado pelos pacientes, não obtiveram melhora ou tiveram melhora parcial após o procedimento proposto. O segundo grupo, com pacientes que retornaram a ter dor, tiveram um padrão diferente do anterior à cirurgia. Os dois grupos devem ser investigados quanto a possível origem da dor, pois tendo causas diferentes, também receberão tratamentos diferentes.
No primeiro grupo devemos investigar se todas as possíveis fontes de dor foram incluídas no tratamento. Por exemplo, se a dor é de origem discogênica e o disco não foi incluído no tratamento, este vai permanecer provocando dor. Para solucionar, teremos que realizar outra cirurgia para corrigir o problema. Outro ponto é sabido que cirurgias realizadas na parte posterior da coluna podem produzir lesão muscular dolorosa devido à dissecção cirúrgica dos músculos. Esta condição chama-se Síndrome da Lesão Muscular pós operatória e é muito dolorosa e de difícil tratamento.
No segundo grupo temos os casos onde a dor retornou, após algum tempo de alívio da dor. Neste grupo, as causas a serem investigadas podem estar relacionadas a um nível adjacente ao operado, às novas compressões, à patologia facetária, pseudoartrose, falha do material, etc. Neste grupo, identificadas as causas, estas devem ser tratadas prontamente, usando os métodos disponíveis .
Diagnóstico
Devido à complexidade do tratamento, uma série de exames e diagnósticos devem ser reaizados como rx dinâmico, ressonância magnética, tomografia e cintilografia.
Opções de Tratamento
O tratamento para correção da falha na cirurgia de coluna inclui fisioterapia, bloqueio de nervos, medicações , infiltrações . Dores provenientes da articulação sacroilíacas e das facetas, eram tratadas com injeções sacroilíacas. As rizotomias, por exemplo, também podem ser usadas. O mais importante a fazer é descobrir se existe alguma causa corrigível dos sintomas apresentados. Se não houver, o estimulador espinhal ou a bomba de morfina devem ser indicados para alívio dos sintomas.
Tratamento não cirúrgico
- Medicações
- Fisioterapia
- Tratamento da dor crônica da coluna
- Bloqueio do ganglio de L2
- Bloqueio radicular cervical
- Bloqueio radicular lombar
- Bloqueio epidural cervical
- Bloqueio epidural lombar
- Bloqueio sacroiliaco
- Radiofrequencia Sacroiliaca
Tratamento cirúrgico
- Revisão da Fusão (artrodese)
- Fusão dos níveis adjacentes (artrodese)
- Bomba de morfina
- Estimulador espinhal